Cinco jogadores do Satélite
Íris, finalista da Taça das Favelas de Campinas no masculino, deram o primeiro
passo para realizar o sonho de jogar na Europa.
O goleiro Ruan Pablo, o
lateral Kayky Barnabá, o meia Ronaldo Sorriso e os atacantes Dudu e Juan foram
aprovados recentemente em uma peneira para disputar a próxima edição da MIC
Football pela BCN Academy, um time brasileiro sediado na Espanha.
A competição acontece em
abril de 2023 e reúne atletas das categorias de base de diversos clubes da
Europa, como Barcelona, Real Madrid e Manchester United.
Sorriso,
o técnico Ronaldo e o goleiro Ruan comemoram aprovação na peneira Foto:
Arquivo pessoal
Deles, Ronaldo Sorriso, um dos artilheiros da Taça, com dois gols, foi o único a ganhar bolsa de 100%, enquanto os demais ficaram com 50%. A bolsa leva em conta a estadia durante a competição, mas os custos das passagens aéreas ficam sob responsabilidade das famílias dos jovens.
Ronaldo e a mãe, Jéssica, já
começaram a buscar recursos para viabilizar o sonho. Jéssica tem uma fábrica de
costura em casa, e Ronaldo vai ajudá-la para otimizar a produção.
- Ele ganhou a bolsa, mas a
passagem fica por nossa conta. Então até comentei com ele que vamos ter que
trabalhar muito porque temos até março para conseguir juntar o dinheiro da
passagem de ida e de volta. Estamos nesse foco, nesse propósito - declarou
Jéssica.
Eles moram juntos em
Campinas há três anos, desde que os pais do garoto se separaram. O recomeço em
uma nova cidade trouxe muitos desafios. Após conseguir alguns trabalhos como
costureira para sustentar o único filho, Jéssica resolveu abrir sua própria
confecção, em casa.
- Ronaldo aprendeu a
costurar um pouco, mas sabe. Então quando estou muito apertada, ele me ajuda
nas máquinas. Ele trabalha comigo durante o dia, de noite vai para a escola e
quando precisa ir aos treinos, vai de boa. Falei que eu daria um salário. Eu me
lembro quando dei o primeiro pagamento e ele ficou muito feliz. A primeira
coisa comprou foi uma chuteira, depois uma bola e assim vai. Não é fácil, mas
estamos conseguindo conquistar - declarou a mãe.
Ronaldo morava em São Paulo
e começou sua trajetória no futebol em uma escolinha de Santo André, com o
apoio do tio Alex Souza. Jéssica conta que mesmo muito novo o filho já se
destacava dos outros atletas.
Depois de um ano, as
dificuldades financeiras começaram a aparecer, e a mãe não conseguia mais pagar
o time.
Com a mudança para Campinas,
além da preocupação com o dinheiro, Ronaldo também se afastou dos amigos e teve
dificuldade para se enturmar. Mas Jéssica estava determinada a manter vivo o
sonho do filho.
- Me apertava muito o
coração porque ele ficava muito sozinho até a gente se adaptar. Mas nunca
passou pela nossa cabeça parar. É uma opção que não tem no vocabulário,
independentemente do custo que eu ia cortar. Como eu trabalho, às vezes não
conseguia ir a todos os lugares, mas o padrasto dele leva de moto ou pegava
carro emprestado para ir. Parar nunca foi uma opção. Eu nunca ia deixar que ele
fizesse isso.
O primeiro time de Ronaldo
em Campinas foi no bairro Ouro Verde até que conheceu seu xará, técnico do
Satélite Íris, onde treina há cerca de seis meses. Antes de pensar na Europa,
no entanto, ele e os companheiros vão em busca do título da Taça das Favelas.
- O projeto está de parabéns, o professor também. É um time que todo mundo falou que não ia dar certo, que ia ser eliminado no primeiro jogo e eles chegaram na final, graças a Deus. O Ronaldo é muito dedicado e está sempre nos treinos. Todo mundo fala que ele tem um talento, um dom mesmo e graças a Deus ele está começando a ir longe - finalizou Jéssica.
Por Redação do ge —
Campinas, SP
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