sexta-feira, 22 de julho de 2022

FINALISTA DA TAÇA DAS FAVELAS CAMPINAS ADAPTOU SONHO DE SE TORNAR JOGADORA PROFISSIONAL PARA ESTUDAR E AJUDAR CRIANÇAS

Aos 30 anos, Daniella de Oliveira é finalista da segunda edição da Taça das Favelas de Campinas pelo São Marcos e vive o sonho que precisou abandonar ao longo da vida. Sem conseguir chegar ao futebol profissional, ela adaptou sua trajetória usando o esporte para estudar e ajudar o próximo.

- Não que eu deixei o futebol de lado, mas eu entendi o processo. Se eu não me tornasse profissional, eu poderia ir, além disso. Hoje, isso me torna mais feliz e eu consigo sonhar também estando na Taça das Favelas. Há dois anos a gente jogou e infelizmente não conseguimos chegar. Esse ano chegamos em alta, um time de uma base muito forte, graças a Deus. Valeu a pena suportar todo esse processo e ainda está valendo - disse Dani.

A atleta nasceu no Ceará e se mudou para Campinas com a mãe e três irmãos quando tinha apenas dois anos de idade. A origem humilde não trazia muita perspectiva para a vida e assim como muitas crianças na comunidade, Dani viu no futebol uma oportunidade para mudar seu futuro.

Com a meta traçada, ela começou a fazer testes em clubes da região, incluindo o Guarani, mas não foi aprovada. Começou a trajetória de fato em 2012, em Americana, onde ficou até o fim do projeto.

- Até então, eu não tinha nenhuma base ou estrutura emocional. Lá aprendi sobre respeito, sobre como me portar não só dentro de campo, mas fora também, diante da sociedade. A partir disso, eu comecei a traçar meus objetivos. Pensava que se eu não chegasse na seleção, no profissional, o futebol poderia ser o mediador para que eu conseguisse estudar e me tornar uma pessoa de bem. Uso tudo o que me ensinaram em questão de humildade, de respeito pelo próximo, empatia e responsabilidade, dentro de campo e isso me ajudou, porque eu fui conhecendo pessoas e aí comecei trabalhar no projeto social, onde eu tive pela primeira vez minha carteira assinada e foi onde eu resolvi estudar, fazer uma faculdade.

As expectativas de jogar em alto nível foram diminuindo com o passar dos anos, enquanto a vontade de estudar foi aumentando. Dani não conseguiu uma bolsa de estudos por meio do esporte, mas se formou em pedagogia com o suor do seu trabalho.

Hoje, além de jogar bola, ela atua em uma casa de passagem que acolhe crianças e adolescentes em situação de extrema vulnerabilidade em Campinas. Lá, aproveita seus conhecimentos adquiridos ao longo da vida para desenvolver atividades esportivas e musicais com os assistidos.

Mas o esforço não para por aí. Ela também tem uma loja de materiais esportivos que começou quando vendia boné nas ruas para ajudar a bancar os estudos.

- O recomeço de tudo foi quando eu conheci o projeto do São Marcos, que acolhe diversas meninas da periferia. Hoje eu posso dizer que estou revivendo algo que vivi lá trás e achava que não fosse viver mais, que é disputar a Taça das Favelas. É a segunda vez e posso agregar não só no time, mas também na sociedade, no bairro que a gente mora levando o projeto para as crianças. Então o futebol foi um berço para que eu me tornasse uma pessoa de bem. Meu sonho era ser profissional, mas a partir do momento que vi que não estava conseguindo alcançar, não desanimei, mas usei o futebol para ouros fins. Hoje eu consigo trabalhar com o esporte, com educação e unificar tudo isso para formar pessoas. É isso que eu faço - finalizou Dani.

Dani estará em campo ao lado das companheiras de time na final deste sábado contra o Paranapanema, a partir das 11h, no Estádio Moisés Lucarelli.

Fonte ge Campinas – Por: Júlia Ribeiro, estagiária, colaborou sob a supervisão de Heitor Esmeriz

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