Árbitra Jessica Cristina
Lira e o árbitro André Luis Ferreira de Lima já conviveram com ofensa de baixo
calão e xingamentos machistas. Juntos desde 2018, noivos se casam esse ano.
Um homem, uma mulher e um sonho. Os três elementos, na maioria dos casos, resumem histórias de amor. No mundo real, todavia, o sentimento nasce a partir de quaisquer circunstâncias. Basta uma bola, um campeonato e jogadores. Foi assim que a árbitra Jéssica conheceu o até então jogador André.
Foi durante uma partida do campeonato de futebol de areia do Top Quarenta da cidade de Campinas, André não estava atuando, foi apenas assistir as partidas, após o termino da rodada foi até Jéssica elogiando pela boa atuação e a convidando para resenha na lanchonete da quadra.
Depois que se apaixonaram, André desiludiu-se com a carreira futebolística. Jéssica o persuadiu a seguir no esporte, mas de outras formas. Conseqüência? Após ser chamado para socorrer uma escala, ele pegou gosto pelo apito. Fez o curso de capacitação e formação para árbitros na Liga Campineira de Futebol, em pouco tempo já apitava os grandes jogos da várzea no interior de São Paulo.
“A Jéssica que me levou para a arbitragem. Larguei a minha carreira de jogador profissional algum tempo e recentemente também na várzea. Ela me convidou para fazer o curso (de arbitragem). Foi falando bem, elogiando, eu fiz o curso e gostei. Hoje, graças a Deus, vem dando certo.” Explica André
Os xingamentos dos torcedores já fazem parte do glossário da dupla. André e Jéssica como qualquer outro árbitro são vitimas de ofensas de baixo calão e morais. Jéssica, por ser mulher, recebe todos o tipos de xingamentos machistas.
“Esses xingamentos são por parte da torcida, em campo nunca fui desrespeitada por preconceito. Os jogadores parecem que são conscientes e, hoje em dia, está mais comum mulheres na arbitragem. Às vezes alguns torcedores extrapolam nos xingamentos, mas eu sinto é pena deles, sinto pena das mulheres que convivem com esse tipo de pessoa. Intolerância e preconceito são coisas muito sérias.” - alarmou Jéssica.
A opinião de André é similar. Mais paciente, porém, o árbitro releva algumas reclamações. Em outras casos, a cabeça ferve. Quando as ofensas surgem fora do ambiente de trabalho, por exemplo.
“Complicado receber críticas e xingamentos, dentro outras coisas de baixo calão. Mas a gente procura estar bem centrado e focado para o jogo. Não me abalam. Seria ruim mesmo se eu estivesse na arquibancada. Porque as ofensas estaria levando para outros meios. Enquanto eu estiver dentro de campo, isso é normal. Tranqüilo. Só não pode faltar com o respeito” – finalizou André.
Recentemente Jéssica apitou a final feminina da Taça das Favelas Campinas, no Estádio Moisés Lucarelli (Ponte Preta), partida que teve o André como um dos seus assistentes. “Quando recebi a escala que seria a árbitra da final feminina da Taça das Favelas e o André como um dos assistentes, fique bem aliviada, pois teria nele o meu porto seguro.” Comenta Jéssica.
Fotos: Wagner de Souza
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