O
futebol na várzea é puro e belo. O suor além da razão, o bel-prazer de fazer
parte de algo com amor pelo jogo acima de tudo. É a autenticidade, a
espontaneidade, a paixão. Várzea é acima de tudo coração. É com essas palavras
que o presidente da Liga Campineira de Futebol, Durval, define o verdadeiro
futebol não profissional, o futebol amador, o futebol raiz. Tem tensão e
competitividade, mas tem também muita descontração e animação por parte das
torcidas.
Durval
acredita que o futebol na várzea vai além de uma simples definição. A paixão,
simples e pura, pela bola rolando, longe dos holofotes e da pressão da alta
performance, é o que faz de todos uns possíveis atletas, na várzea todos é Pelé,
quer na habilidade ou na simplicidade da humildade de querer fazer parte desta
louca paixão.
Durval
explica que todos os amantes do esporte bretão podem ser chamados de técnicos de
futebol. É impossível haver uma concordância universal por uma escalação,
sempre haverá uma discordância, quer na escalação do time do coração como na
seleção brasileira.
A emoção é tão acentuada no futebol na várzea que o papel da torcida é fundamental. Pode ser a família, o vizinho, o papagaio, o cachorro, qualquer um. O que importa é ficar ali coladinho no alambrado e dar o incentivo, às vezes o estímulo ultrapassa a barreira da razão com palavras de baixo calão, isso é pura emoção, acertável, desde que não ultrapasse esse limite se tornando uma agressão.
"Adriano Aparecido
Elias da Silva, simplesmente Nanão"
Outro
fato bem legal segundo Durval, o futebol na várzea ao contrario do futebol
profissional manteve os apelidos dos jogadores. Hoje é raro ouvimos falar na
escalação, por exemplo, Neneca, Cafuringa, Tião Macalé, Tonhão, Chicão, entre
outros que foram consagrados e conhecidos popularmente pelos seus apelidos e
não pelos seus verdadeiros nomes.
Hoje
em dia nos acostumados a nomes completos, às vezes até com dois sobrenomes. Mas
não na várzea, aqui os pseudônimos são ricamente criativos, Zóinho, Monguinha,
Macarrão, Zulu, Tiziu, Nanão, Tagira, Microfone, Arábia, Palmitinho, nem os arbítrios
escapam, Lemão da Baby (in Memoria), Rei Momo, Seu Madruga, Baianinho, Batatinha,
Azeitona, Fia, Lole, entre outras alcunhas que fazem dá várzea ser um ambiente
bem animado.
O
futebol na várzea vai muito além do jogo dentro das quatro linhas. São seres
humanos sendo simplesmente seres humanos, esquecendo um pouco da vida "lá
fora" e estreitando a amizade com aquelas pessoas a seu redor. Todas elas
em condições muito parecidas e que, com o passar do tempo, vão gerando ainda
mais histórias pra contar.
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