Conciliar os estudos com a
bola. Este é o desafio da maioria dos jovens que tentam se tornar jogadores de
futebol. Enquanto o almejado contrato ainda é um sonho, deixar os cadernos de
lado está longe de ser uma opção. Nem que para isso seja necessário desfalcar o
time. Na Taça das Favelas de Campinas, a Vila Costa e Silva terá neste domingo,
pela primeira vez, a equipe completa. O time busca uma vaga na semifinal contra
a Vila Brandina.
Goleiro
Guilherme e zagueiro Gatti buscam vaga na semifinal do torneio pelo Costa e
Silva
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Na estréia do torneio, o
goleiro Guilherme ficou fora para realizar o Enem. Na segunda fase da
competição, foi à vez do zagueiro Gatti dar prioridade aos cálculos e à
interpretação de texto ao prestar o vestibular da Unicamp.
- Minha primeira opção foi
Educação Física e, a segunda, Ciências do Esporte. Claro que meu plano A,
aquilo que mais desejo, é ser jogador de futebol. Mas o 'vestibular da bola'
também é bem complicado, sei que muitos jogadores ficam pelo caminho, então
tenho que manter o foco nos estudos. De uma forma ou de outra, vou seguir no
esporte – diz o zagueiro de 17 anos.
Além da parceria em campo, a
dupla mostra entrosamento no possível futuro longe dos gramados. Guilherme
pensa em cursar fisioterapia. Aluno do segundo ano do Ensino Médio, ele prestou
o Enem como 'treineiro', mas poderá utilizar a nota no vestibular do ano que
vem.
Goleiro
Guilherme e zagueiro Gatti conciliam estudos com a Taça das Favelas
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- Bateu aquela dúvida se eu
faria a prova ou não, mas meus pais sempre conversaram muito comigo para não
deixar o estudo de lado. Confesso que foi um pouco tenso. Fiz a prova, mas a
todo instante pensava em como estava a partida. Então também tenho o mesmo pensamento
do Gatti. Ainda que não me torne um jogador profissional, estarei ligado ao
esporte.
Após perder a estréia do
time – vitória por 1 a 0 sobre o São José, o goleiro brilhou no duelo contra o
Florence. Ele defendeu duas cobranças de pênalti e garantiu a vitória por 5 a
4, depois de um empate em 1 a 1. Enquanto a partida era disputada no campo do
São Bernardo, quem sofria à distância era Gatti.
- Quando eu vi a tabela dos
jogos, logo avisei o pessoal que era dia de vestibular. Todos me deram muito
apoio, os técnicos disseram para eu ir fazer a prova tranqüilo. Assim que
terminei a prova, a primeira coisa que fiz foi ligar o celular para saber
quanto tinha sido o jogo. Tinha um monte de mensagem, vídeo deles comemorando,
dizendo que a vitória era para mim. Fiquei bem emocionado.
A dupla rotina não chega a
ser novidade para os jovens, que já passaram por categorias de base em times de
outras cidades, com treinos diários.
- Era bem puxado, já treinei
em Jaguariúna e Paulínia. Mas é o nosso sonho, temos que nos esforçar – diz
Guilherme.
- Era colégio de manhã e
depois almoçava no carro mesmo, no caminho para o treino em Indaiatuba. E
quando chegava em casa, à noite praticamente, muitas vezes ainda precisava
estudar para alguma prova - completa Gatti, que tem bolsa integral em um colégio
particular de Campinas.
Neste domingo, eles poderão
deixar os cadernos um pouco de lado para se dedicarem integralmente ao Costa e
Silva. O time entra em campo às 11h para enfrentar a Vila Brandina. O vencedor
fará a semifinal com o Paranapanema.
A grande final será no dia
14 de dezembro, um sábado, no estádio Moisés Lucarelli, com transmissão da
EPTV. Se tudo der certo – dentro de campo e também no vestibular – o fim de
semana será inesquecível para Gatti. Ele também concorre a uma vaga na Unesp e
a segunda fase terá provas nos dias 15 e 16.
- Já imaginou, campeão e
depois aprovado no vestibular?
Fotos: Bernardo Medeiros
Reportagem do Site
Globoesporte.com
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