Praticamente
nos quatros cantos do Brasil, quando chega os fins de semana, dias de folga
para a maioria dos trabalhadores das periferias, é a vez de milhares irem
assistir ou bater aquela velha “pelada”, pois o futebol de várzea continua
sendo uma das principais formas de entretenimento de uma grande parcela da
população brasileira.
O
futebol disputado na várzea agrega inúmeras comunidades que vivem e se
organizam na melhor forma possível para terem seus times em campo. Quer nos
simples amistosos ou nos principais campeonatos que agitam os fins de semana.
Além do lazer proporcionado o futebol tem sua dimensão social como fonte de renda para muitos trabalhadores informais “ambulantes”, os vendedores de picolés, churrasquinhos, pasteis, refrigerante, cerveja e água, transformando os arredores dos campos em verdadeiras praças de alimentação.
Na
maioria das vezes, a ausência de investimentos públicos e as más condições de infra-instrutora
(ausência ou precariedade de vestiários, falta de locais apropriados para
abrigar os torcedores, e até a existência de campos de jogo com gramados em péssimas
condições) atuam como fatores que atrapalham a chamada tradição desta paixão.
Mesmo com essa falta de investimentos nos aparelhos públicos (praças esportivas) a várzea não deixa de brilhar com a festa futebolística, tudo que envolve a precariedade do apoio das instituições governamentais não impedem que o espetáculo aconteça, e a várzea sobrevive a estas e outras dificuldades.
Campinas
é um exemplo claro do paradigma: amor pelo futebol de várzea x dificuldades e
obstáculos encontrados para que ele aconteça. Aqui, assim como em tantos outros
locais espalhados pelo Brasil, o futebol não para.
São
partidas disputadas o dia todo, ocasionando atividade física para milhares de
pessoas (atletas), dando oportunidade de divertimento e de rever os velhos e
grandes amigos, do intercâmbio entre as comunidades, proporcionando adrenalina
e emoção nas torcidas, terminando com o estresse da semana enchendo o taque de
otimismo para seguir de bem com a vida.
A
várzea reconhecer o real significado sócio-esportivo do futebol, onde
democraticamente times e jogadores com muita ou pouca técnica, torcedores jovens
e idosos, ricos ou pobres estão no mesmo patamar social, onde convivem sem a discriminação
da cor, sem racismo.
Em todo este contexto, dou um destaque especial a alguns personagens que possuem papel fundamental para que tudo isso aconteça, elas, além de possuírem toda uma história como desportistas, zelam pela tradição desta modalidade esportiva.
Entre outros, podemos citar a Liga Campineira de Futebol, organizadora dos principais torneios e campeonatos, que de forma democrática leva o esporte para as regiões mais distantes da cidade.
O futebol, especificamente da várzea é um esporte democrático e não alienador, que alcança todas as classes sociais. Então, pensando assim, talvez a modalidade que melhor expresse o papel de toda essa magnitude é justamente o futebol de várzea, dada a amplitude tomada pelo futebol profissional, que vem elitizando o acesso aos estádios e aos jogos através dos canais de televisão fechados.
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